partir
por lielson zeni
a grazi fonseca entende muito de quadrinhos, e vou te dizer o porquê.
os quadrinhos são uma linguagem autônoma, em que os desenhos são postos em sequência e desenvolvem relação entre si; um desenho é montado após o outro em uma página. essa relação é solidária, mas não é pacífica: a leitura de um desenho destrói o que, nós leitores, imaginamos e projetamos antes e, assim, precisamos remontar o todo do entendimento a cada novo desenho que surge na nossa leitura. se trata da arte de colocar desenhos (sejam eles figuras ou textos) em contato, distribuídos próximos uns dos outros.
por lielson zeni
a grazi fonseca entende muito de quadrinhos, e vou te dizer o porquê.
os quadrinhos são uma linguagem autônoma, em que os desenhos são postos em sequência e desenvolvem relação entre si; um desenho é montado após o outro em uma página. essa relação é solidária, mas não é pacífica: a leitura de um desenho destrói o que, nós leitores, imaginamos e projetamos antes e, assim, precisamos remontar o todo do entendimento a cada novo desenho que surge na nossa leitura. se trata da arte de colocar desenhos (sejam eles figuras ou textos) em contato, distribuídos próximos uns dos outros.
só que nos quadrinhos, tudo vira espaço; é uma máquina que transforma tempo em espaço e, pela leitura, podemos resgatar da página aquele fóssil do tempo. o movimento, que é a sucessão do tempo e sua parte visível, está congelado em espaço, no aguardo do leitor. nos quadrinhos, o tempo é guardado em desenhos.
já o desenho, penso nele como linha que se liga com linha. pode ter tanta linha junta que elas pareçam ser uma massa de cor, mas são, na verdade, muitas linhas (ou uma linha muito grossa). eu, que sou desenhista amador, e só rabisco quando estou com vontade (não uma pessoa do desenho que nem a grazi aqui), acho que o mais
já o desenho, penso nele como linha que se liga com linha. pode ter tanta linha junta que elas pareçam ser uma massa de cor, mas são, na verdade, muitas linhas (ou uma linha muito grossa). eu, que sou desenhista amador, e só rabisco quando estou com vontade (não uma pessoa do desenho que nem a grazi aqui), acho que o mais
legal de desenhar é olhar pro mundo e ver as linhas daquilo que normalmente vemos como um todo e, depois, colar essas linhas no papel na ordem certa.
e o que é a linha, se não um trajeto que um ponto faz pelo espaço por um tempo; linhas são o passado, o presente e o futuro do ponto; ou são diversos pontos tão juntos, que achamos que vemos uma linha.
e o que é a linha, se não um trajeto que um ponto faz pelo espaço por um tempo; linhas são o passado, o presente e o futuro do ponto; ou são diversos pontos tão juntos, que achamos que vemos uma linha.
o processo de criação de quadrinhos da grazi fonseca é o conceito postulado como forma: no ponto, na linha e no tempo. como neste livro aqui, minha leitura favorita do ano de 2018 (ele saiu da primeira vez em pequena tiragem, como um dos selecionados da des.gráfica no mis, de são paulo).
em partir, vemos fósseis de movimento de pontos e linhas, de figuras que se constroem de modo evidente a partir dessa simplicidade de linha e ponto. todo trabalho de desenho em quadrinhos é desses três elementos, mas a grazi fonseca aponta para a máquina do mundo dos quadrinhos, a abre e nos mostra que lá dentro tudo é ponto, tempo e linha.
partir
2018
segunda edição
2019
terceira edição
2023
2018
segunda edição
2019
terceira edição
2023